sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


Luzes de uma nova Noite


Em uma praça da pequena cidade de Itabuna, um grupo de jovens se reúne para conversar, beber, e rir das situações corriqueiras do seu redor.
Natalia, uma jovem de 16 anos, bebe enquanto o seu namorado Benjamim, um rapaz de 18 anos, alto e com um corpo trabalhado em academia, cabelos curtos meio arruivado, vestindo com uma camiseta estilo regata branca, e bermuda preta, conversa com Flavio seu amigo de infância. Todos estão envolvidos nas suas conversas quando Adriano, um garoto de 17 anos, um tanto baixo para a sua idade, e corpulento sem ser gordo. Vestido com uma camisa preta da IRON MAIDEN, uma calça jeans e tênis ALL STAR, chega e senta-se com o restante do grupo trazendo um violão.
- iaê! Fala Adriano para o restante do grupo, que responde com um “iaê” quase que ao mesmo tempo.
- Adriano, tu viu o Ângello por ai? Pergunta Natalia. Ele sumiu. Nunca mais o vi.
- Nem... O cara evaporou. Responde Adriano. Quem deve ter noticias dele é o Dan. Mas também nunca mais o vi.
- Eh! Os caras somem. Fala o Ben. Vou comprar mais birita. Vem comigo amor?
- É! É bom! Responde a Natalia.
O Ben e a Natalia saem deixando os outros na praça. Eles vão abraçados pelas ruas da cidade em busca de um lugar para comprar bebidas. Em determinado ponto, eles avistam o Rodrigo junto de mais alguns companheiros.
- Iaê Dom! A galera ta La na praça! Da uma chegada La! Diz o Ben.
- Beleza! Vou sim! Só vou deixar a Luana em casa, e já vou pra lá! Diz Rodrigo com voz de embriagado.
- Estamos indo comprar birita! Diz Natalia
- Opa! Mais um motivo pra eu ir!
Todos riem, o Rodrigo segue com o grupo dele, e o Ben com a Natalia vão procurar um lugar aberto para comprar a bebida.

Do outro lado da cidade Danilo um rapaz de 21 anos, estatura mediana, com cabelos encaracolados e rosto com poucas sardas e olhos pequenos como os de um oriental, prepara-se para sair, e encontrar os amigos. Ao fechar o portão de sua casa, ele escuta o cantar de pneus, mas não vê carro algum.
- Seria coisa de minha cabeça? Pergunta-se o jovem.
Ele se livra do pensamento, e segue em direção ao centro da cidade.  Anda pensativo, preso em seus pensamentos ate chegar a Praça Camacã. Um lugar aberto com algumas arvores, uma área de lazer para crianças e uma fonte no centro. A iluminação esverdeada dava um tom pálido às pessoas que transitavam por lá. Alguns vendedores ambulantes e um pequeno estacionamento compunham o resto do cenário, onde estavam reunidos os seus amigos.
- Iaê galera! Fala Danilo para o grupo reunido.
- Rapaz! Achei que tinha morrido. Fala Adriano para o recém chegado.
- He he! Também achei! Rir o Danilo. Mas não. Estava só sem tempo mesmo. É que tava estudando para o vestibular. Daí não tinha tempo para sair.
- Hum! Garoto intelectual. Diz o Flavio, em tom zombeteiro.
- É! A minha velha ta querendo que eu seja gente.
Todos riem.  Eles brincam com a situação.
 Adriano começa a tocar Ever Dream da banda Nightwish, banda que em comum, todos eles gostam. A Ninna canta enquanto Adriano toca, a voz dela é tão linda quanto à voz dos anjos celestes. Ninna, uma garota morena, com cabelos longos até a cintura, negros como uma noite sem lua. Seus olhos são plácidos de uma luz funérea, que chega a assustar os desavisados. Seus lábios são finos e belos como se desenhados a mão, por um pintor renascentista. Sua voz enche a praça com uma luz mórbida, mas ao mesmo tempo sublime como um nascer de um sol morto entre nuvens cinzentas.
Em outro lugar. Natalia e Ben estão procurando por bebidas, e ao passar por uma rua escura sentem-se perseguidos por um grupo de marginais. Eles apressam os passos, ao passo que os marginais também avançam. Dar-se inicio a uma perseguição, que leva os dois a uma viela. Cercados e sem esperanças de fuga, Benjamim resolve enfrentar os bandidos que os perseguem. São no todo três indivíduos. Um deles parece estar de posse de uma faca. Natalia desespera-se e pede para o namorado não reagir. Mas Ben não a ouve e avança sobre o bandido desferindo lhe alguns golpes. Mas a desvantagem esta do lado de Benjamim que se vê cercado pelos meliantes que o agridem com chutes e socos. Mesmo tendo um corpo robusto, Ben não consegue dar cabo dos bandidos.
Indefeso em sem ter como reagir, Benjamim vê assustado quando um dos bandidos avança em direção de Natalia. Ele aplica-lhe um soco em sua face. Esta por sua vez cai, enquanto outro tenta roubar-lhe a bolsa que ela trazia.
- Não tequem nela! Deixem-na em paz! Grita desesperado Benjamim.
- Cale a boca, ou teremos que te calar nós mesmos. Fala um dos bandidos que segura Ben no chão.
- Me largue! Grita Natalia. Socorro! Alguém me ajude. Mas parece que ninguém a escuta.
De repente, da entrada da viela vê-se uma sombra.
- Não escutaram a garota? Soltem-na. Fala alguém ameacadoramente. Ou terei que agir com violência.
Os bandidos olham em direção ao que acaba de chegar e se riem.
- Quem irá nos obrigar? Você? Pergunta um dos meliantes zombeteiramente.
O rapaz continua em silêncio, e avança lentamente em direção ao final do beco escuro onde se encontram Natalia, Ben e os marginais.
- Não falarei duas vezes. Fala com uma voz calma, porém assustadora.
Os bandidos soltam Natalia e vão em direção ao rapaz.
- Cuidado! Um deles está armado! Grita Natalia para o rapaz que acaba de aparecer para salvar-lhes a vida.
O jovem avança sobre os meliantes com uma velocidade inacreditável. Atinge um com um soco no estomago, outro com um chute na perna seguido de uma joelhada na cara. E por fim ele vai em direção ao que está armado, eles lutam em um combate corpo a corpo até que o rapaz consegue tomar a faca das mãos do marginal, lançando-a longe, ele desfere vários golpes no rosto do mesmo que fica imobilizado no chão.
- Vamos logo antes que esses desgraçados levantem. Fala o rapaz para aos dois jovens namorados.
Eles saem correndo e voltam para a praça. Natalia ofegante e chorosa cai de joelhos e é segurada por Adriano.
- O que aconteceu? Pergunta assustado.
- Quase morremos ainda agora. Três marginais nos seguiram e tentaram nos roubar. Responde Benjamim com voz tremula e assustada. Se não fosse por esse cara, nos agora poderíamos estar mortos. Falando nisso. Cara, muito obrigado por ter nos salvado. Diz Ben pegando a Mao do rapaz.
- Não há de que. Eu estava passando e ouvi os gritos, não poderia deixar de ajudar. Fala o jovem com um leve sorriso nos lábios. Me chamo Edward, mas pode me chamar de Ed.
Edward, alto cabelos castanhos lisos e longos até pouco abaixo dos ombros, olhos acinzentados de um azul profundo, um tanto magro para a força e agilidade demonstradas no combate com os marginais, porem com uma postura de imperador.  
- Pow mano. Valeu mesmo. Fico te devendo essa. Fala Ben.
- No pânico, não deu nem pra comprar as biritas. Brinca o Adriano. Mas graças a Deus vocês estão salvos. Valeu cara por salvar nossos amigos. Tu poderia ficar aqui com agente. Estamos fazendo um sonzinho massa aqui.  
- Claro. É sempre bom fazer novos amigos. Ainda mais amigos roqueiros.
A noite transcorre calma, como se nada houvesse acontecido. Apenas as dores leves num dos flancos denuncia que Ben havia sido espancado.  As estrelas cintilam suas luzes etéreas e as nuvens dançam num céu azul petróleo profundo banhado por uma lua plena. As luzes da cidade colorem o asfalto como pinceis de um artista louco, com seus amarelos palha. E tudo dorme em paz. Os jovens aos poucos vão se indo ficando apenas a promessa de estarem no mesmo local no fim do próximo dia. Edward agora já entrosado com o novo grupo de amigos fica na praça, contemplando a lua que desfila no céu noturno emoldurada por nuvens prateadas e estrelas reluzentes, como diamantes dum colar de uma rainha antiga. E tudo transcorre em paz. Até o final de uma velha noite, sendo morta por um sol doente, que teima em nascer por entre nuvens coloradas de chumbo.  
  

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